A Obra em Negro

.Todos sabem como foram cantadas as angustias, a solidão e a  tristeza do exílio, mas quem sabe como fôram pintadas?

De Cabeça Para Baixo

 

Se a gente amasse com o pé

Em vez de com o coração?

E se em lugar da cabeça

A gente pensasse com a mão?

 

Como ficaria a cidade

Cheinha de quadros meus

Com meninos de olhos sapecas

Meninas de facas na mão

Cortando pedaços de fios

Para os pregar nas paredes?

 

Como ficaria tua bunda chocolate

Se eu não comesse biscoito?

 

A palma da minha mão

Produziria o silêncio

Do qual ando precisando

Para saber onde andas

Com teus sentimentos malucos

Tua  tristeza e  alvorôço

 

Como dizer que te amo

Se tu não sabes o sufôco?

De andar de pernas pro ar

Pensando em carnificinas

Que vivemos no Brasil, no Chile

 Argentina?

 

Sabes que o mês de março

É o medo na retina

Sombria fosca sem luz

Sem mais mostrar a menina

Que ficou  soluçando

Pelos que foram embora

Trinta mil desaparecidos

Quem diz mais?

E os quantos que não voltaram?

 

Sabes? Tu sabes? Não sabes!

Por que me acoxas agora

Para saber do passado?

 

Não lembro, faz  tanto tempo...

Tanto tempo se passou

Minha cabeça fervendo

Com o pouco que nos restou

 

Sim, me lembro da moleza

Das abuelas que se deitavam

Feito musgos nos seus leitos

Se perguntando onde andavam

 

Filhos

      Pais

            irmãs

                   maridos

                              Amigos

                                          e companheiros

 

Hasta la vista, adeus, bela ciao

 

Meninas que se multiplicavam

Violadas por tarados

 

As que chegavam sozinhas

E saíam acompanhadas

(Quando não desapareciam

Os frutos de suas entralhas)

Os que sem saber porque

Nem para onde eram levados

 

Estes  meninos danados,

Sem  armas, ou quase...

Como assustaram os armados

 

Pagaram um preço medonho

Que não será jamais vingado

 

Da bosta que  comeram

A cada momento, em cada cela ou prisão

Uma coisa fica certa

Anistia é:

Reparação

 

Filhos

      Pais

            irmãs

                   maridos

                              Amigos

                                          e companheiros

 

Hasta siempre !

 

Aos que  sobreviveram

Muito terão que  pagar

 

Não morri: estou bem viva

Hé hé sou dificil de tragar!

 

Inêz Oludé

Bruxelas, (um dia destes em que vale a pena viver e sorrir)

Mini biografia romanceada (publicado no Blog de Custódia)

Eu sempre olhei para trás. Andarilha, para não esquecer de onde vim. De uma terra braba .Terra esta que me deu panos pras mangas, coragem pra vida e desejo de viver sempre na alegria e na santa paz do meu hogarejo(mistura de casa e lugarejo, onde nunca vivi pois é somente terras de minha imaginação). Invento histórias, invento vidas, invento encantos e percevejos que me levam pra longe,distante da memória de hoje. Vou lá no fundo da alma buscar alento par acontar esta história. Que não foi  inventada, foi vivida mesmo. Fantasmas rodeiam-me, mil mãos ancestrais me enlaçam, me abraçam e riem em torno de mim. Eu gosto do passado, o meu  não foi melhor nem peor. Foi. Se foi.

Procurei na Internet o devenir de custódia.  Achei esta decepção. Decepção não, estou exagerando : achei o que é. Realidade wiqipediana, fria, crua, sem hsitória : « A ocupação da área onde hoje fica a cidade de Custódia teria sido iniciada no século XVIII, tendo à frente o coronel Luiz Tenório de Melo Dodô. O povoado, inicialmente denominado Quitimbu, mudou de nome para Custódia por sugestão de padres jesuítas que, por algum tempo, instalaram-se na localidade, onde construíram uma capela. O distrito, que pertencia ao antigo município de Alagoa de Baixo (hoje Sertânia), tornou-se município autônomo a 11 de setembro de 1928.Localização: Sertão, microrregião Moxotó, distante 340 km do Recife.Área: 1.270 km2Solo: Arenoso e pedregoso. Relevo: Suave ondulado, ondulado e forte onduladoVegetação: Caatinga hiperxerófila. Ocorrência mineral: -Precipitação pluviométrica média anual: 1.110,0 milímetros.Meses chuvosos: Fevereiro - AbrilPopulação: 30.314 habitantes Dia de feira: Segunda-feiraData de comemoração da emancipação política: 11 de setembro Prefeito: Nemias Gonçalves de Lima Padroeiro: São José ».Etc,Etc !

Será que sonhei Custódia ? cadê sua história ?

A bem da  verdade,  não lembro quase nada de Custõdia: um quintal, onde foi enterrada minha irmã, por ser pagã, uma escadaria, uma janela onde um dia vi cair um homem (crivado de bala), Zé Baié, Tio Né e Mariinha, banho de legedo. O cimitério, a igreja, a ladeira onde desciamos de rolamento, (era o skate da época !). Me lembro do preto véi Caitutu. O carregador de água,carrega água  de galão. Minto, não era velho, eu era criança. Caitutu é uma lembrança tenaz. Não sei se ainda vive. Ficava todas as tardes escorado na parede do muro do jardim da casa de madrinha Naïsa, madrinha de fogueira, coisa séria e  pra sempre. Quando eu passava se ria e dizia « eita a broquinha tem uma estampa bonita » queria dizer a brotinha. Meu irmão,

o Tonho ouviu uma vez se zangou e bateu-lhe o pau do galão nas costas. A lembrança é tenaz e forte,

 como disse, quando voltei em Custódia, isso em 1980, voltando do exílio. Caitutu se encontrava no mesmo lugar, com o mesmo sorriso  me falou : « num falei que a broquinha ia ficar bonita » ? fiquei pasma, então eu não

mudei ?

O que mais era Custódia pra mim ?

Volto ainda no tempo: nasci numa terra braba perdida nos confins de Pernambuco. Betânia, terra de água doce e de maracujá. Vi  a luz na Escola Rural,segundo me contou Quincas alguns meses atrás. Talvez por isso nunca gostei de escola? Não me admira. Um dos diertimentos do domingo era ir  para o Poço do Pau comer doce de tomate. Nunca mais vi este doce em lugar nenhum. Numa desta, er aum domingo de ventania, eu tinha uma sobrinha, era tão miuda e magrinha que o vento me levou pra longe. Longe, muito longe. Minha mãe nasceu bem mais longe ainda: Nos Coqueiros, terra de meus avós, de muita manga ,caju e castanha. Tinha três anos quando meu pai me levou pra lá,nessa época nem imaginava que destino me esperava. De cigana, soube depois. Meu pai gostava de ir e vir, era sem sossêgo. Levou a gente para Custódia, como eu dizia, foi  ali que a guerra começou a me perturbar. Nomio do caminho perdemos a gata do meu pai. Ficou tristissimo e cantava

“Ai minha gatinha parda
Que em janiero me fugiu
Quem roubou minha gatinha
Voce sabe? Você sabe? Você viu?”
 Dois meses depois a gata apareceu, miando, magra esfomeada.
 Era terra boa,mesmo se as famílias só dialogavam através de armas, de bala e fogo. Me acostumei com isso: fiquei sem medo de violência,o peito com muita tristeza e zombando da morte. E ela lá e eu cá, às vezes andamos juntas na maior queda de braço. Ela um dia ganha, mas por enquanto sou.
 Eu ficava vendo aquilo e com o temp, só dava pra ser poeta, pois os outros lugares da vida já estavam ocupados por gentes mais sabidas.
 Curumins mais inteligentes do que nós na cidade não havia, pois sabíamos brincar,tínhamos quintais enormes e plantávamos bananeiras pros sabiás.Mas  não só eu, outros também chorava a falta do pai que viajava muito e deixava-nos  “sozinhos” no mundo, cheirando suas camisas, esperando ele voltar. Bem, não ia prá muito longe, mas prá gente era o próprio fim do mundo: Cruzeiro do Nordeste, ou Placas para os mais chegados. Me lembro que no quintal, Tonho tinha feito uma construção de Placas,tinha as estradas, o posto onde pai trabalhava e  brincavamos com carrinhos de latas de sardinhas. Placas era o cruazamento de Pernambuco com a Bahia.  Parece que lá havia seincentos diabos. Segundo o Roxinho. Apelido do meu pai, que lhe deram pela cor arrocheada que pegava pelas raivas que tinha. Por aí  se enraivava à-toa com sua diaba de filha que andava sempre correndo mundo, so voltava em casa para comer ou dormir. Isso se alguém fôsse buscá-la!
Chamavam-me Cão do Piutá,um cão inventado pelo povo de um lugarejo chamado Algodões, um lugarejo perdido no mundo,aliás, lá ficava  a maternidade onde nasceu um de meus irmãos, o Joaquim ( o mano que me nomeou bendito seja, não me imagino com outro nome que não fôsse o meu.Dá muito certo comigo e muita sorte com os amigos).Era uma palhoça velha e destelhada. Só mãe mesmo, Dona Julinha, prá botar  menino neste lugar. Chamavam ela de Corisco, por serdanada e corajosa, enfrentava qualquer macho e não se deixava enganar.Os croques dela pegavam fogo na cabeça, daí a alcunha. Me lembro um dia, de um tiroteio explodiu na praça. Deram acho que 37 balaços nas costas de um homem, não lembro quem. A mãe do rapaz teve um ataque de paralisia e minha mãe passou no meio das balas deu uma saculejada nas pernas da senhora e falou: “ reaja estão matando seu filho” Isso me deixou vidrada na minha mãe,um amo r profundo surgiu neste momento e uma admiração sem fim.
Pai nasceu de outro lado.Na Tinideira, este nome dado pelas pedras que se tocavam e tiniam ao se chocarem. Ninguém sabe si era sitio ou quilombo. Perdeu os pais cedo, foi criado por uma tia, que jogou ele pela janela e foi cair no chiqueiro dos porcos. E o que dizem. Ficou a dormir nas catingas sem medo de mugangá. De vez em quando o chamávamos de Zeca-diabo, pois sempre estava dizendo que os seiscentos diachos-andavam-soltos-no-mundo e só traziam infelicidade. Deus que me livre de brincar com estas historias. A família era doida pelo sitio de meu avô, os Coqueiros onde passávamos as férias comendo mungunzá, brincando com as cabrinhas e rindo dos touros que subiam nas vacas no fim das tardes. Era com aboio que meu Tio Né chegava tangendo os bois. Teté levava os borreguinhos para o curral depois dava a mamadeira para um boizinho desmamado que andava pelos cantos sem consolo. Isso enchia meu peito de tristezas.Ficava eu encolhida, ainda mais
Aquebrantada que ele. Houve ano em que não pude
brincar por ter deixado escapar o canarinho de meu irmão que os criava pra brigar.Briga de canarios cruéis. Chegavam a té a furar os olhos um do outro nas bicadas. Ele ganahva dinheiro com isso e com o jogo do bicho. Quando nos despertavamos vinha correndo saber o que tinhamos sonhado,fazia la suas interpretações depois ia jogar nos bicheiors. Claro nunca nos deu um tostão.A partir desta época fiquei meio cabreada com a vida. Não sabia si tinha saída ou entrada para o inferno.So sei que em paraíso nunca pude acreditar.Minha vida atribulada não dava espaço pra isso.Jurei nunca mais voltar lá para não me lembrar das feras que gostavam de apanhar meninos para comer o fígado.Era justamente o Papafigo, bicho manhoso e muito ruim que andava espreitando uma boa presa pros dentes...  Depois mudamos de Custódia para Sertânia.a quebra da barra era lá.Tinha vaqueijada, cocada e um preto  velho que vendia mungunzá,  cantava pelas ruas uma embolada tão ligeira, que ninguém conseguia nem sequer arremedar: “... Olha o
coco,sinhá,dona Capitulina mandou me chamar, tem coco tem doce lá vai mungunzá...”.
 O que eu não gostava era da escola pois, obrigavam a gente a aprender coisas que não serviam para vida. Como eu era desobediente,não queria me deixar levar pelo jeito deles me  ensinarem.A
prendi sozinha. De repente fui expulsa de uma escola atrás da outra. Finalmente de um pais atràs do outro.Coisa de destino mesmo.Sei là. Não acredito muito, so que aconteceram tantas vezes que ja estava pensando que era maldição.Daí aprendi no mundo coisas de arrepiar e até digo que foi melhor pois aprendi a chorar, cantar versos de viola, dançar feito cabriola, fazer poesia a toda hora e até mesmo a desenhar. Casei uma vez, por obrigação, foi na Argentina, par apoder escapar da sanha dos militares que queriam me pegar. Amiguei duas, sem coração. Catei piolho em macaco, trinquei os dentes de lado, para não deixar me matar pela solidão da alma e a tristeza trazida pelos milicos ou mesmo pela saudade que enchia meu peito, já meio estreito de se encolher para não sentir as dores do  mundo.
 Esse mesmo moinho foi  me empurrando para o lugar que tinha me deixado velha antes do tempo e sem vontade de casar. Quando eu morava em Custódia,me lemnro agora gostava de chupar
Dedo Adorava. Mãe dizia que eu ia ficar dentuça.isto atraia a maldade dos familaires e mesmo dos amigos que inventavam todo tipo de tortura par ame impedir de ter este enorme prazer. Fernando de Laura um dia me trouxe um couro de tiú e colocou na mão. Nunca  mais, foi o maior
medo que já tive na vida, fiquei dias chorando e pedindo a minha mãe para cobrir meu dedo com um  pano par aeu não chupá-lo de noite. Desde este dia jurei nunca me casar. Va saber porque! Quando ele vinha em casa, gostava de sentar na preguiçosa, eu ficava arquitentando de como matá-lo acho que até um dia tentei com uma tesoura. A sorte que me alguém me viu e tomou-a.
Aí migramos para Recife, ja eu andava pelos quatorze anos.Sempre aquela mesma tristeza no peito, fingindo rir para não chorar. Mas Recife era Terra boa. Aí me alegrei muito nos tempos das graviolas,das pitangas. Só não fiquei muito tempo,até os dezenove.Estudei uns anos, três,acho. No colégio Pinto Junior.Continuava sumindo dos bancos da escola,das classes.Gostava de alguns professores,mas não dava muito comigo as escolas.Disciplina, força bruta, no final a labuta. Não, não era para mim não. Eu queria viver,sair pelo mundo, conhecer gentes diferentes, fazer revoluções. Mas nessa época nem era muito certeza ,que se podia fazer a gente podia sumir devido a revoluçõe cubana.Tudo era culpa deles, ninguém tinha cabeça pra pensar. Bando de bestas estes militares.Vejam so, tais bestas quadradas, eles mesmos os militares! Determinaram nossos destinos,escreveram nossas vidas, estragaram nossa historia com ponta de metralhadora, pau-de-arara,choques elétricos, o resultado foi o exílio,pra mim, pois para outros foi a prisão, a morte, ou o desaparecimento. Coisa mais terrivel ficar sem saber onde estão filhos, maridos, pais,irmãos, amigos.Debandei pelo Chile.Golpe de Estado.Tortura, morte e exílio,si um dia pelo menos,eu conseguir fazer uma cantiga.Me sentarei com os versos catarei os mais terriveis e chorarei nos invernos, na terra dos meus amigos.Pois a morte sempre ronda nas vidas da minha vinda.Ficamos sem lei nem rei ,de país em país, sem pais, sem paz sem voltar, e Recife lá longe, aperriando para eu não me esquecer, que a terra que nos acolhe não é apraz pra morrer.  Existi muito tempo por aí e por ali: depois do Chile, Argentina, parecia praga ruim! De novo  prisão, exilio.Uma tormenta sem fim.Mas um dia voltarei, direi o que sei enfim,nunca calarei , saberão com precisão como me tiraram dalí.Sei que muitos anos passaram, vinte cinco e alguns dias ,esperando a matutinha,vinte e cinco esperando, voltarei para exigir
Me paguem o dinheiro aí,
vocês estão me devendo
Quase me tiraram uma vida
Mas tenho sete a seguir.
Recife ficou na lembrança
como se fosse criança
me enxotando para  voltar
Mas não voltei
não deixaram
E então fiquei por aqui
Mas o pelo que me cresceu
Não deixou de caminhar
Não perdi as esperanças
Voltei um dia e que dia
O dia que renasci
 
Depois aterrei na Bélgica, terra que muito me quiz por aqui ficarei uns anos e acho que muitos ainda.Talvez não torne a voltar.Quem sabe sim cantarei minha terra dos tucanos, das palmeiras e sabiás?Os versos que aqui gorgeiam de vez em quando vão lá, pescar uma meninice para eu pensar na velhice, que os versos Deus me dará em profusão,como  ungüentos para minha alma curar,das saudades, dos enredos dos infernos em que vivi e,  tanto lá como cá.
 Meus pais se foram, os manos,salvo João, estão vivos,com  muitos sobrinhos para chorar a minha morte, si um dia deixo a eles o que tenho.Se não deixo, não penso que vou faltar. Vão ter que chorar senão não deixo nadinha. Alguém tera que lembrar! Digo assim brincando, no fundo basta eu prá se  alembrar.Rimar rima com rima e nas noites me acalentar.
 Não perco os meus manos, volto de vez em quando a vê-los os cueiros encardidos pelo tempo.
Me lavo a alma por fim. Me sinto como menina, engatinho e corro a ti, meu negro do Burundi ,que me quis como ninguém. Me adimira, me apavora,some volta, me esquece e torna a voltar, como uma ciranda doida, do jeitinho  que eu dançava, na ilha de Itamaracá. fico com ele ainda, ja cansei de procurar alguém prá me namorar. Deixa ele ai,um tempo,  pois outro não me contém.
Inêz Oludé
Bruxelas um dia destes

continua na próxima semana

(A Bruno Cyrillo, Camila Bady, Karolina, Raoni, meus
irmãos, meus pais)
 

FIGURINHAS  (Inêz Oludé) aos meus sobrinhos

Peteca na mão

Pião no chão

A noite é fria

Meu São José

Mandou calorzinho

E samba no pé

(Tempo de antigamente.
Quintal da minha casa onde nasci e me criei)

Vamos trocar figurinhas

Nas calçadas nas pracinhas

Jogar peteca nos parques

Brincar de amarelinha

Pular corda roubar mangas

E chupar umas pitangas

A vida é a esperança  que pousou no meu lençol

Jogar bila Pé-de-Urso

Escorrego de piscina

Mergulha no meu quintal

Cutuca com vara curta

Bandeirinhas no varal

Brigas caretas e risos

Festa de peixe e anzol

(Tempo presente, sem ausentes, na família era só eu

o diabo: Cão do Piutá)

Vamos pecar no regato

Capoeirar feito gatos

E de noite em seu regaço

Sonhar com vida melhor

(Mistura de tempo, conversa vai conversa vem, feliz

daquele que me convém)

Bora brincar de ciranda

Não afugenta as lembranças

Que a vida é uma só

E vale a pena ver melhor

( Bruxelas um dia destes: comprido e cheio de

saudades, pensando em nós)